segunda-feira, 30 de abril de 2012

Reflexões sobre o meu trabalho de parto


Depois de muito pensar e pensar, depois de escrever um relato e reler 15mil vezes pra realmente encontrar os pontos sobre os quais eu precisava refletir, eu queria dividir com vcs um pouquinho da minha experiência e ouvir os comentários de vcs... quem sabe assim não consigo ir caçando mais monstros aqui dentro...
Eu era daquelas que achava ótimo e super prático marcar o dia do "parto", fazer mão, escova, e chegar linda e loira na maternidade pra ter um filho... quanta ignorância...
Um belo dia, quase 1 ano antes de engravidar, eu caí no Blog Mamíferas. E devorei o blog. Li tudo. Pensei bastante. E vi o quanto eu estava errada e o quanto eu aida não estava preparada pra ter um filho. O quanto eu pensava só em mim, no meu conforto e nos meus medos e não estava preparada para sair da minha zona de conforto pra proporcionar uma chegada respeitável para a minha filha, no tempo dela, sem colírios agressivos, sem esfrega esfrega pra tirar o vernix, sem banho na primeira hora, sem horas no berçário...
Passei quase um ano lendo sobre parto humanizado e relatos de parto. Um dia, cai no relato da Anne Pires, e ali eu cheguei no nome da Mari. Guardei o nome dela e decidi que seria com ela que eu faria o meu pré-natal (por coincidência, eu até já tinha trocado alguns emails com a Mariana pois nos casamos quase na mesma época e ela tb participava de uma comunidade de noivas no orkut da qual eu participava tb).
Quando me descobri grávida, eu já tinha uma boa noção de como era difícil conseguir um parto normal em Campinas, sabia que Mariana seria mesmo a minha única escolha e liguei numa médica do convênio mesmo só pra ir lá pegar a guia pra fazer os exames de sangue. Escolhi ir lá pq eu tb estava muito assustada, curiosa e queria fazer logo um ultrassom pra ouvir o coraçãozinho batendo e ficar tranquila. Hoje eu até questiono um pouco essa minha atitude, mas acho que naquele momento, foi necessário para que eu pudesse dormir em paz, sem neuras. Como engravidei no primeiro mês de tentativas, eu ficava com medo de ainda ter hormônio da pílula no meu corpo e que isso prejudicasse alguma coisa, ai, sei lá, pensava tanta coisa sem noção....  

Enfim, levei o meu marido junto pra ele entender o que era um atendimento de uma médica de convênio. Cheguei lá, tava cheio de gente na sala, não tinha lugar pra sentar, ela me atendeu em 10 minutos, mal olhou no meu olho, me tratou como se eu fosse só "mais uma grávida". Isso me ajudou muito a fazer com que ele entendesse que, mesmo tendo convênio, não era hora de usá-lo.
Quando fomos na primeira consulta, entendemos que era com a Mari mesmo que tínhamos que ficar. Ela entendeu bem a minha personalidade e sabia lidar com a minha ansiedade e a minha curiosidade. Me deu uma lista enorme de sites sobre parto, sobre Medicina Baseada em Evidências, me incentivava a pesquisar e a discutir as minhas dúvidas com ela, a descobrir os meus medos e trabalhar nas consultas como poderíamos trabalhar para driblá-los.
A gravidez correu super bem, frequentamos bastante as reuniões do Samaúma.
Algumas vezes me peguei pensando sobre parto domiciliar, mas pra mim, acabava ficando fora de questão, porque quando minha filha nascesse eu já estaria morando em Nova Odessa, bem longe de qualquer hospital "decente" caso precisássemos de remoção ou tivéssemos alguma emergência. Além disso, eu, como filha única, sempre dependi muito da aprovação dos meus pais... Sempre fiz tudo na minha vida pensando em deixá-los orgulhosos. E se pra minha mãe, já era uma loucura tremenda e absurda eu ter um parto normal, pq ela acha que é muito perigoso, o que diria ela se eu tivesse um filho em casa? E qual seria o tamanho da minha culpa caso eu tentasse ter um filho em casa e precisasse ir pro hospital?
Não... eu não estava pronta pra um PD ainda. De jeito nenhum. Ainda era muito filha e pouco mãe. E estar em Nova Odessa era a desculpa perfeita isso. Hoje eu sei que eu sentia medo, eu não bancava emocionalmente um PD ainda (independente de ter ou não aprovação de alguém) e estar morando longe foi a muleta perfeita para que eu não me preocupasse em sair dessa zona de conforto.
Eu estava adorando estar grávida. Curtia cada chute, cada sensação nova. E hoje eu vejo o quanto eu estava completamente apegada à minha barriga. Eu achava que estava tranquila, que estava tudo bem, que eu estava pronta para receber a minha filha... fiz cartinha pra ela, fiz ritual de despedida da barriga, fiz tudo e mais um pouco q a Mari me recomendou (apesar de saber que o trabalho de parto só começa qdo o bebê solta um surfactante no líquido amniótico mostrando que o pulmão está pronto). Mas hoje, pela saudade que eu sinto da minha barriga e de ter ela se mexendo aqui dentro, eu vejo que a tranquilidade era só "discurso". Eu acho que no fundo, eu tinha medo que ela nascesse. Pois eu sabia que o mundo ia virar de cabeça pra baixo (e realmente virou... acabaram-se os restaurantes, os cinemas, os sábados na tv até de madrugada... tudo mudou drasticamente).
Com 41 semanas e 4 dias conversei com a Mariana. Ela sairia de férias dali a 3 dias e eu não queria arriscar, de jeito nenhum, ter um parto com plantonista. Eu sabia que não seria um parto legal e sabia dos riscos que eu correria de ir pra uma cesárea desnecessária. Assumi os riscos e pedi pra Mariana induzir o meu parto. Preferia correr o risco de uma indução mal sucedida e uma cesárea respeitosa com ela, do que uma cesárea mal indicada por plantonista. Ela disse que no dia seguinte iria mesmo me sugerir a indução caso a Ana não nascesse, e que se aquela era a minha escolha, naquele momento ela não via problemas em induzirmos. Disse que me internaria a noite e pediu pra gente bater um papo com a Lara, a nossa doula e psicóloga, pois talvez a Lara conseguisse nos ajudar a desatar alguns nós que pudessem estar impedindo o trabalho de parto.
As 19h30 a Mari colocou o primeiro comprimido de indução e me avisou que o colo não estava muito favorável ainda, que talvez demorasse ainda mais ou menos umas 36 horas pra Ana nascer.
A Lara, grávida, foi ao Vera Cruz, embaixo de chuva pra conversar com a gente. Chegou lá umas 9 da noite. E acho que foi uma conversa muito boa. Eu me senti apoiada e amparada. O Gabriel tb falou sobre alguns medos. Eu tb achei alguns outros medos do pós-parto, da responsabilidade que a bebê traria... Enquanto a gente conversava, eu sentia a barriga contrair algumas vezes. Ela já estava contraindo desde a tarde, mas tudo bem fraquinho, nada com mta dor, tudo bem tranquilo, sem dor e apenas uma leve cólica.
Um pouco depois da meia noite, o plantonista foi me examinar e colocar o segundo comprimido. Quando ele me examinou, disse que ainda parecia estar tudo do mesmo jeito, estava com o mesmo 1cm de dilatação de antes e ele tb disse que a minha filha ia nascer só na quinta-feira (isso era na noite de terça para quarta).
Eu tinha que ficar uma hora deitada com o comprimido.  Não aguentei. Uns 45 minutos depois, levantei pra fazer xixi. Escovei os dentes. O Gabriel já estava dormindo. Desliguei a TV. Deitei. E PLOC. Senti uma contração muito forte e um ploc por dentro. O Gabriel acordou com o AI que eu gritei. No primeiro momento, eu achei que Ana tivesse se assustado com a contração e tivesse dado um chute mais forte. Aí senti um molhadinho. Mais um molhadinho. E CHUÁÀÁÁ... Lavei o lençol... A bolsa rompeu.
O Gabriel chamou a enfermeira e eu fui pro chuveiro.
As contrações começaram a vir, mas eu estava bem consciente... Acho que vinham a cada 5 minutos mais ou menos. Eram meio fracas. O Gabriel ficou comigo dentro do banheiro, sentado no vaso, conversando, me observando e as contrações começaram a ficar mais doloridas. Isso era mais ou menos 1h30 da manhã.
às 3h, o Gabriel já não dava mais conta de mim sozinho. Começou a ficar nervoso e ligou pra Dorothe,qdo ele disse q as contrações estavam de 5 em 5, ela pediu pra ele monitorar por meia hora e ligar de novo. Meia hora depois, ele ligou pra ela, e ela foi pro hospital.
Eu comecei a sentir muita dor e não sabia lidar direito com ela. Eu sempre soube que ia doer. Mas eu não imaginava que fosse tão forte assim já logo no começo. Eu gritei algumas vezes, e ai me lembrei da Lara falando uma vez que em trabalho de parto, temos que tomar cuidado para não gritar de desespero. Que sentir a dor e expressar essa dor é normal, mas a exprtessão de desespero é diferente. Entre uma contração e outra, eu consegui analisar e percebi que meus gritos eram de desespero. Eu estava perdendo o foco. E me lembrei de alguns relatos que eu tinha lido, em que as mulheres diziam que qdo elas fazim um barulho tipo grunhido/gemido, era mais fácil lidar com a dor. E eu comecei a procurar esse som dentro de mim. Achei.
Ficou mais fácil passar pelas contrações. Depois eu pesquisei e vi que essa vibração da garganta ajuda a relaxar tudo por dentro, inclusive o colo do útero, ficando mais fácil para ele dilatar.
O problema foi que qdo eu estava ainda bem consciente da minha dor e sem conseguir lidar direito com ela, eu enfiei na minha cabeça que queria tomar anestesia pq eu não ia aguentar o trabalho de parto inteiro. E isso ficava martelando na minha cabeça o tempo inteiro. Apesar de conseguir passar bem por cada contração, eu ficava pedindo a anestesia. Sabe quando a gente cisma com uma coisa? Esqueci parto natural, circulo de fogo, esqueci tudo... foquei na dor...
Eu fiquei com a bola dentro do chuveiro. A bola tampava o ralo do box. E eu inundei o banheiro e o quarto um milhão de vezes. Cada hora que eu olhava lá dentro do quarto, tava cheio de enfermeiras com rodos e toalhas na mão... Esse movimento todo fazia com que eu continuasse querendo ter o controle, querendo saber o que estava acontecendo, e acho que isso pode ter me atrapalhado bastante durante o trabalho de parto. Eu não estava entregue por inteira.  As enfermeiras foram bem boazinhas, não reclamaram da bagunça que eu fiz, eu escutava elas falando que "parto normal é assim mesmo". Só teve uma q entrou no quarto qdo trocou o turno, acho q era umas 6 da manhã, que ficou me olhando na porta do banheiro e bem no meio de uma contração, teve a pachorra de me perguntar: "tá doendo muito?". Na mesma hora o Gabriel tirou ela dali.
Eu não queria sair do chuveiro de jeito nenhum. Mas aí a Dorothe me convenceu a sair um pouquinho. Qdo vinham as contrações, ela e o Gabriel apertavam meu quadril e a dor aliviava muito. Era como se quase não tivesse contração nenhuma. 
Eu me lembro muito bem dela falando pra mim, qdo eu reclamava q tinha mais contração chegando: "é menos uma contração", "uma contração de cada vez, agora não existe a anterior e nem a próxima, lide com esse agora". E o apoio dela foi fundamental pra que eu conseguisse realmente passar por uma contração de cada vez.
Quando o Gabriel falava comigo, eu fazia XIIUU pra ele, não queria ouvir a voz dele, nem q ele encostasse em mim. Uma vez ele tentou colocar a mão na minha barriga e levou um tapa... rsrs Mas eu gostava de ouvir a voz da Dorothe. As frases dela estavam me ajudando. E teve uma hora que eu me apoiei nos braços dela, pra me esticar durante as contrações. Acho que eu meio que transferi a "personagem". O apoio que eu não tive da minha mãe, que passou a gravidez toda me dizendo que tinha que tomar cuidado com parto normal, eu estava tendo ali com ela.
Depois, qdo fui na palestra da Naoli, ela falou sobre a questão de deixar as mulheres em paz, sobre o quanto é importante para o TP, sobre o marido que desviou o olhar e levou uma bronca da esposa. E fez todo o sentido pra mim. É isso mesmo. A mulher que vai parir tem que ser deixada em paz, no escuro, porque a luz nos faz doer os olhos, em silêncio e LIVRE, para ficar na posição em que seu corpo mandar. 
Eu não consigo imaginar essas pessoas que chegam nos hospitais em trabalho de parto e são obrigadas a ficar deitadas com sorinho na veia... gente... CRUELDADE, não tem outra palavra... crueldade restringir os movimentos de uma mulher numa hora dessas...
Durante o trabalho de parto eu assisti a filminhos na minha cabeça. Foi uma situação muito curiosa... Lembrei de fatos da minha infância que nem me lembrava que tinham acontecido, frases que ouvi, situações que me deixaram tristes... foi a hora de lavar a alma, colocar tudo pra fora, chorar por tudo que estava guardado dentro de mim... E foi uma delícia.
A Mari chegou no Vera Cruz umas 7 e meia pra me examinar. E eu continuava pedindo anestesia. Pedia pelo amor de Deus. Eu não conseguia perceber que eu estava lidando muito bem com as contrações. Eu só me atentava ao quanto elas doíam. Qdo ela me examinou, eu ainda tinha só 4cm de dilatação. Aí quase chorei... rsrsrs Falei pra ela q eu queria muito muito muito uma anestesia.
Eu acho que eu estava muito cansada, pois estava acordada desde as 5 da manhã do dia anterior e não tinha dormido bem. As dores foram pegando muito na minha lombar e eu estava com sono e mto cansada. Aí a Mari me perguntou se eu conseguia esperar um pouquinho pra tomar a analgesia, pq ela poderia atrapalhar a progressão do TP se eu tomasse naquele momento. E me pediu pra esperar uma hora e meia. E me prometeu que as 9h voltava pra me buscar.
A minha necessidade de controle era tanta, que eu perguntei de quanto em quanto tempo eu estava tendo contrações. Eu não lembro o que a Dorothe me respondeu, mas na hora eu fiz as contas de quantas contrações eu teria até as 9h, e fui contando  cada uma delas. Eu não conseguia me desligar. Só que que as contrações começaram a ficar cada vez menos espaçadas, e aí, qdo "nas minhas contas", já deveria ser perto de 9 horas, não tinha passado nem 40 minutos ainda.
O jeito foi esperar.
Umas 9 e pouco, a Mari chegou, já de touquinha e tudo, pra me levar pro centro cirurgico.
Tomei a analgesia e a Mari ligou um pouquinho da ocitocina. Depois ela me explicou que eu estava com contrações muito curtas e muito frequentes. Elas duravam em média uns 30 segundos apenas, e vinham muito rápido, a cada minuto e meio mais ou menos. Por isso a ocitocina foi necessária pra ajudar um pouco a dilatação, caso contrário a anestesia ia passar e eu ia ter q tomar de novo (pq eu tenho certeza que eu não ia aguentar começar a sentir tudo de novo). A dose maior de analgesia poderia prejudicar a progressão do trabalho de parto, e aí teríamos que usar ocitocina do mesmo jeito.
A Mari me disse pra descansar um pouco. Eu fiquei ali com o Gabriel do meu lado, dando umas cochiladas e acho que uns 40 minutos depois eu já estava com dilatação total.
Aí levantei, mas a Ana continuava alta. Dei umas reboladas na bola, o Gabriel ficou cantando dentro do centro cirurgico, todo mundo curtindo o momento e aí fui pra banqueta.
Eu conseguia sentir a barriga contraindo. A analgesia começou a passar. A dor que estava parada nas minhas costas, agora estava no bumbum. Era a Ana abrindo meus ossos, trilhando o seu caminho. (nota, pra quem diz que o quadril abre, ele abre, mas fecha viu gente? Qdo ela tinha 5 dias, eu fui na pediatra usando uma calça jeans que eu não usava desde antes de ficar grávida).
O expulsivo foi curtinho, em pouco tempo ela nasceu. Qdo a cabeça dela começou a sair, a Dorothe estava do nosso lado e chamou a Mari pra ela vir correndo, pq ela nem estava ali com a gente... rsrs
A Mari me disse pra colocar a mão, senti os cabelinhos dela ali... Era ela, prontinha pra chegar e abalar as estruturas! Ali eu me derreti toda, e foquei. Pensei "ela vai nascer agora", e fiz uma super força... não sei como não tive laceração..
Chegou a nossa pequena, com 3 circulares de cordão, 2 no pescoço e uma no corpinho... Trazendo a prova de muitas falsas indicações de cesárea: - gestação pós 40 semanas, - circular de cordão, - mãe acima do peso, - mãe sedentária, - bebê grande (estimativa de 3980g no ultimo ultrassom, e chegou com 3575g, provando que as máquinas erram)...
Eu me surpreendi com o neonatologista que nos atendeu no Vera. Ele deixou a Mari colocá-la no meu colo, Fiquei ali sentindo o cheirinho dela e vendo os olhinhos dela, já abertos, olhando pra mim. Ela não chorou quando nasceu. Nasceu sorrindo, direto pro aconchego do colo da mamãe. Ficou quietinha, observando e aprendendo a respirar. Chorou depois, qdo foi pro colo do médico. Nasceu linda, rosadinha, com apgar 10 e muito ativa.
Ele levou ela rapidinho pra pesar, medir etc. Foi o tempo de eu me levantar e deitar na maca, ela já veio pro meu colo de novo e ficou ali comigo o tempo todo. Acho que foram mais ou menos uns 40 minutos, enquanto a placenta saía e depois a Mari deu uns 2 pontinhos nos pequenos lábios. O períneo mesmo ficou inteiro :-). Aí enquanto eu descia pro quarto, ela foi pro berçário. Não teve colírio. Assinamos o termo para que ela não recebesse o colírio que previne contra conjutivite causada por gonorréia e clamídia. O gabriel ficou vendo tudo. Só colocaram a roupinha nela, ela ficou bem pouquinho tempo ali. Uns 10 a 15 minutos depois q eu estava no quarto, ela já chegou com o Gabriel acompanhando.
Depois de tanto tempo, fico me perguntando se o Misoprostol pode ter atrapalhado tudo isso. Se por um acaso as minhas contrações foram muito mais fortes do que deveriam ser. E acho que sim, a taquissistolia que tive e que foi a indicação da ocitocina pode sim ter sido provocada pela indução. E fico me perguntando se eu estivesse em casa, como teria sido.
Um dos medos que eu tinha, eu já encontrei: eu tinha medo de ir em trabalho de parto ativo pro hospital, pegar a Anhanguera com muitas dores e acabar "sofrendo" muito, pois todos os relatos que eu lia diziam que a parte mais dificil era a de entrar no carro e ir pro hospital. E é esse o ponto de partida que me começa a deixar com uma vontadezinha de PD no próximo. Se realmente o Misoprostol aumentou a intensidade das dores, fico aqui pensando que com uma doula eu acho que consigo fácil aguentar um trabalho de parto em casa. Outra coisa que me faz pensar muito em PD é o fato de ter que ficar no hospital separada de uma filha pra receber outro filho. Não me parece fazer muito sentido.... Acho que a família tb é dela e ela tem o direito de poder participar de tudo isso bem de pertinho. Tem o direito de ver o irmão nascer, de curtir junto com a gente os primeiros momentos com o novo membro da família.
O segundinho não é pra agora. Devemos encomendar só daqui uns 3 anos, por isso, acho que vou ter bastante tempo pra tentar elaborar meus medos.
Nessa gestação eu achava q tava tudo bem, mas depois eu vi que se eu tivesse ido mais a fundo, se tivesse feito umas 3 ou 4 consultas com a Lara antes, talvez o rumo do parto tivesse sido outro e eu não precisasse da indução.
Mas são só "e ses...". Acho que cada mulher tem o parto que merece e o meu foi importante para que me trouxesse muita reflexão. Me mostrasse que é muito difícil se entregar e tentar deixar de controlar tudo e que esses são os principais pontos que eu tenho que trabalhar para o próximo....
Como diz a Ana Cris, "a gente pari como a gente vive a vida". 

sábado, 21 de abril de 2012

171 Obstétrico - Por Ana Cris Duarte


As 12 maneiras mais frequentes de enganar a mulherada.

Cesárea 171-I: Cordão enrolado
A verdade: quase um terço dos bebês nasce com circular de cordão. Mas a gelatina que recheia o cordão ajuda a impedir que os vasos se fechem. Além disso o bebê não respira dentro do útero!

... Cesárea 171-II: Pressão Alta
A verdade: A hipertensão é um problema grave, mas nos casos em que ela foge ao controle pode ser necessário induzir o parto normal.

Cesárea 171-III: Bacia Estreita
A verdade: Impossível saber o tamanho da bacia por dentro e os ossos da cabeça do bebê são soltos e se sobrepõem para passar pela bacia materna

Cesárea 171-IV: Bebê Grande
A verdade: Impossível saber o peso do bebê pelo ultrasom e os ossos da cabeça do bebê são soltos e se sobrepõem para passar pela bacia materna

Cesárea 171-V: Passou do Tempo
A verdade: A gravidez humana normal vai até 42 semanas. Passado o prazo considerado seguro, pode ser necessário induzir o parto normal.

Cesárea 171-VI: Parto Prematuro
A verdade: Bebês prematuros nascem em melhores condições se for por parto normal

Cesárea 171-VII: Diabetes Gestacional
A verdade: É uma condição em geral controlada com dieta, exercícios e medicamentos, e não tem qualquer relação com a via de parto. Nenhuma!

Cesárea 171-VIII: Bebê fez cocô (mecônio)
A verdade: O mecônio não é um problema, a não ser nos casos em que os batimentos cardíacos do bebê estão insatisfatórios, evidenciando sofrimento fetal. Mesmo assim a indicação é o sofrimento fetal, não o mecônio.

Cesárea 171-IX: A bolsa rompeu e não teve contração
A verdade: É só aguardar 24 horas e se não entrar em trabalho de parto, induzir. A indução pode levar até 48 horas para "engatar". Antibióticos podem prevenir infecção. Fácil convencer o GO de esperar 72 horas, não é mesmo?

Cesárea 171-X: Não teve dilatação
A verdade: Todas as mulheres dilatam se aguardar a fase ativa do trabalho de parto.

Cesárea 171-XI: Não entrou em trabalho de parto
A verdade: Se não for colocada numa mesa cirúrgica, toda mulher entra em trabalho de parto.

Cesárea 171-XII: Na consulta de pré natal o colo do útero está fechado
A verdade: O colo do útero em geral fica fechado. O que faz ele abrir são as contrações de trabalho de parto.

Cesárea 171-I: Pouco líquido
A verdade: A diminuição do líquido amniótico é normal e esperada no final da gestação. No caso de diminuição acentuada, pode ser necessário induizir o parto normal, o que pode levar até 48 horas. Fácil convencer o GO de esperar 72 horas, não é mesmo?



Autora: Ana Cris Duarte, obstetriz

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Sobre a episiotomia...

A episiotomia é um corte feito no períneo da mulher.
Infelizmente, muitos médicos fazem episiotomia de rotina sem perceberem que estão mutilando o corpo da mulher.

A episiotomia é feita para "facilitar" o nascimento do bebê no parto normal, entretanto, ela acaba prejudicando muito a mulher. Quando ela é feita, o médico corta a mucosa e o músculo perineal, tornando assim a cicatrização muito mais demorada e difícil. Quando a episiotomia não é feita, ainda há o risco de ocorrer uma laceração no períneo da mulher. Entretanto, a laceração ocorre na musoca, que tem cicatrização bem fácil, afinal, essa parte do corpo está preparada para se alongar durante os nascimentos.
Quando o médico faz episiotomia, o bebê costuma nascer mais rápido (e o médico vai mais cedo pra casa). Entretanto, nascendo mais rápido, há o risco do bebê nascer em um impulso só, e ainda acabar rasgando mais a episiotomia que o médico fez, e aí a mulher toma um montão de pontos desnecessários no períneo.
Durante o período expulsivo, o bebê começa a coroar e fica em um movimento de "vai e vem" durante vários puxos. Esses movimentos são os responsáveis por irem alongando o períneo aos poucos, evitando lacerações gigantes.
Os obstetras humanizados não trabalham com episiotomia de rotina e alguns deles, inclusive, estão há muitos anos sem cortar o períneo de nenhuma mulher.
Quando há necessidade de se acelerar o nascimento de um bebê que está coroando (por sofrimento fetal agudo, por exemplo), o vácuo extrator pode ser usado para resolver o problema sem que a mulher seja cortada.

Eu não tive episiotomia e foi ótimo, pois assim que a Ana Luísa nasceu, eu me levantei e saí andando. Tive 2 mini lacerações nos pequenos lábios, tomei 1 pontinho em cada uma, que caíram sozinhos em pouquíssimos dias.
Se você vai ter um parto normal, converse com o seu médico, pergunte o que ele acha da episiotomia e se ele falar que "não abre mão", fique atenta! A episiotomia é uma mutilação desnecessária no corpo da mulher!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

To sumida

A pequena está com conjutivite, acordando mais a noite, por isso, aproveito o tempo livre pra descansar tb! Assim q derv, eu volto! ;-)

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Uma pausa!

Esse final de semana estou enrolada com os preparativos do batizado da pequena...
Não vamos ter nada muito grande, só reuniremos a família após a missa, mas mesmo assim, dá um trabalhão!
Na semana que vem eu volto falando sobre a episiotomia!

PS: Desde que criei o blog, já tive quase 400 acesso e só 8 comentários!!! Minha gente, fico curiosa pra saber quem são vocês tb!! Deixem um "oi" pra mim vai? Agora eu juro, q sempre que entrar em um blog, vou comentar, pq agora eu sei a curiosidade que dá na gente... rsrsrs

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Sobre a indução do parto...

Como eu já disse em posts anteriores, nós tivemos um parto induzido com 41 semanas e 5 dias de gestação.

Por que optei por induzir?
Por vários motivos. Todos eles foram amplamente conversados com o meu marido e com a minha obstetra.
O principal deles foi que quando eu completasse 42 semanas, a minha obstetra sairia de férias. Eu já sabia disso há um tempo e não queria, de jeito nenhum, correr o risco de ter que ter um parto com plantonista e acabar caindo em um parto cheio de intervenções ou em uma cirurgia desnecessária. Nós temos que confiar na equipe, e eu só confiava nela. Sabia que ela não mancharia o índice LINDO dela de 15% de cesáreas a toa.

O que é a indução do parto?
É o início artificial do trabalho de parto para provocar o nascimento do bebê.
Como qualquer outra intervenção, pode apresentar efeitos indesejáveis, só devendo ser usada quando os benefícios para mãe e feto superarem os riscos de espera pelo início espontâneo do trabalho de parto.



Como ela pode ser feita?
Antes de partir para a indução no hospital, há alguns recursos que podem ser usados.

Acupuntura
De acordo com a Biblioteca Cochrane, ainda são necessários mais estudos a respeito da acupuntura e a indução do trabalho de parto, entretanto, muitas doulas e gestantes relatam casos de sucesso com a acupuntura

Homeopatia
O Caulophyllum thalictrodes estaria indicado para regularizar as contrações uterinas no trabalho de parto ou quando ainda estão fracas e irregulares.
Autores concluíram que este remédio apresenta uma ação na rpevenção de contrações uterinas fracas, no entanto, as evidências atuais são insuficientes para recomendar o uso da homeopatia na indução do parto (Moraes Filho et al. 2005)
Descolamento das Membranas
O Obstetra faz, manualmente, o descolamento da bolsa das águas, provocando a liberação de prostaglandinas, hormônios que incentivam o trabalho de parto (atenção: descolamento na bolsa não é o mesmo que ruptura da bolsa).

No hospital:
Catéter com Balão (Sonda de Foley)
Promove o amadurecimento do colo uterino através da liberação de protaglandinas. O seu uso, geralmente, fica associado com a ocitocina.
A associação da sonda com a ocitocina diminui o risco de cesárea em relação à indução feita somente com ocitocina (Moraes Filho et al. 2005).
Ocitocina
A ocitocina é usada de forma intravenosa e promove o aumento e a frequência das contrações uterinas.
Quando o colo do útero é imaturo, a indução do parto apenas com a ocitocina está associada a percentual elevado de partos prolongados, de doses elevadas com o rosco de intoxicação hídrica, de falhas e consequentemente, aumento da incidência de cesáreas.
Alguns autores chegam a desaconselhar o uso isolado da ocitocina para induzir o parto quando o colo está imaturo (Moraes Filho et al. 2005).

Misoprostol
O comprimido de misoprostol inserido na vagina relaxa o músculo liso da cérvice e facilita a dilatação, ao mesmo tempo em que permite o acréscimo do cálcio intracelular, promovendo contração uterina.
Se comparado à ocitocina, o misoprostol por via vaginal está associado a um maior sucesso da indução do trabalho de parto, embora também a um aumento da hipercontratilidade uterina, mas sem repercussões sobre a frequência cardíaca fetal.
Nota: este foi o meu caso. Colocamos um comprimido de misoprostol e depois de 6 horas, outro foi colocado. Mais ou menos uma hora depois, a minha bolsa rompeu e as contrações vieram já bem ritmadas, a cada 4 ou 5 minutos. Rapidamente, cheguei às contrações de 3 em 3 minutos e depois de mais ou menos 7 horas de trabalho de parto, estava com contrações de um em um minuto, com duração de 30 segundos cada uma. Fiquei com contrações curtas e frequentes, o que colabora para que a dilatação progrida de forma mais lenta. Como eu optei pela analgesia, para evitar que tivéssemos que ficar aumentando a dose da analgesia conforme o efeito fosse passando ainda durante a evolução do trabalho de parto, neste momento, foi usada a ocitocina e em mais ou menos 45 minutos, fomos dos 5cm para a dilatação total.

Em um estudo com 3533 mulheres com passado de uma cesárea e com parto induzido, houve ocorrência de ruptura uterina em 0,8% dos casos em que se usou ocitocina e 1,1% dos casos com misoprostol. A indução do parto com ocitocina ou misoprostol está associada com aumento de ruptura uterina quando comparada com o trabalho de parto espontâneo (Moraes Filho et al. 2005).


Existem outros métodos, porém, menos utilizados, que são citados nas refeências abaixo.

Principais indicações de indução ao trabalho de parto segundo as evidências atuais:
- Gestação prolongada
- Ruptura prematura das membranas a termo
- Diabetes em uso de insulina
- Pré-eclampsia

Contraindicações absolutas para a indução do trabalho de parto
- Placenta prévia centro-total
- Apresentação córmica
- Prolapso de cordão umbilical
- Cesárea clássica anterior E outras cicatrizes uterinas prévias
- Anormalidade na pelve materna
- Herpes Genital ativo
- Tumores prévios (tumor de colo ou vagina e mioma uterino em segmento inferior)

Aqui você lê soubre outras indicações e contraindicações.




Referências:
MORAES FILHO, Olímpio Barbosa de; CECATTI, José Guilherme; FEITOSA, Francisco Edson de Lucena. Métodos para indução do parto. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., Rio de Janeiro, v. 27, n. 8, Aug. 2005 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032005000800010&lng=en&nrm=iso>.  Accesso em 12 Apr. 2012.    

SOUZA, Alex Sandro Holland; COSTA, Aurélio Antonio Ribeiro; COUTINHO, Isabela; NORONHA NETO, Carlos; AMORIM, Melania Maria Ramos. Femina, v.38, n. 4, Abr. 2010. Disponível em http://files.bvs.br/upload/S/0100-7254/2010/v38n4/a003.pdf. Acesso em 11 de abril de 2012.



terça-feira, 10 de abril de 2012

Mitos do parto em casa - por Ana Cris Duarte

A Ana Cris, obstetriz, fez uma série de explicações sobre mitos do parto em casa, tudo muito conciso e bem explicadinho, então vou deixar a informação aqui pra quem quiser a informação!

Mitos do Parto em Casa I: a parteira chega a cavalo ou de bicicleta, e a tiracolo uma bolsa com 3 panos lavados e um livro de rezas.
Verdade: o material que vai no carro do profissional inclui oxigênio, máscara, ambu, material de sutura, anestésico local, instrumentos esterilizados, drogas para contenção hemorragia, luvas estéreis e outros 20 itens.

Mitos do Parto em Casa II: a parteira é uma senhora boa e rezadeira de 70 anos, que aprendeu o ofício com sua mãe.
Verdade: o profissional que atende parto domiciliar é médico, ou enfermeira obstetra, ou obstetriz, formados em cursos superiores e com experiência em atendimento de partos normais, sem e com complicações.

Mitos do Parto em Casa III: A idéia é nascer em casa custe o que custar, então se complicar, complicou, paciência.
Verdade: o parto começa em casa, mas acaba onde tiver que acabar. Se houver algum sinal de que talvez o parto possa vir a complicar, já é feita a remoção para o hospital.

Mitos do Parto em Casa IV: nos países da Europa onde existe o parto em casa, há uma ambulância na porta de cada mulher que está em trabalho de parto.
Verdade: PUTZ!!! Essa é a maior de todas as mentironas do século XXI! Não existe ambulância na porta em nenhum lugar do mundo!


Mitos do Parto em Casa V: Qualquer mulher pode conseguir um parto em casa.
Verdade: Mulheres que desenvolveram complicações não poderão ter um parto em casa, porque os riscos são aumentados.


Mitos do Parto em Casa VI: Se o bebê precisar de alguma coisa, ele vai morrer.
Verdade: Todo o material que tem para ajudar um bebê num hospital também está presente no parto em casa. Só não será possível fazer assistência a longo prazo pela falta de equipamento adequado.


Mitos do Parto em Casa VII: Se a mulher "rasgar" ficará aberta para sempre, amém.
Verdade: O profissional tem todo o material para reparação de lacerações, do anestésico aos fios especiais de alta absorção.


Mitos do Parto em Casa VIII: Um parto de baixo risco vira de alto risco de uma hora para outra
Verdade: Menos de 1% das complicações acontecem de uma hora para outra. A maioria são longas evoluções de horas e horas, até se configurar uma mudança de faixa de risco.


Mitos do Parto em Casa IX: depois do parto fica a sujeira para a família limpar
Verdade: Faz parte do atendimento do parto a limpeza completa de todo o ambiente onde o bebê nascer, a retirada dos vestígios de sangue, e a arrumação.


Mitos do Parto em Casa X: O parto em casa está proibido ou os médicos estão proibidos de atender parto em casa.
Verdade: Nâo existe qualquer proibição. O Conselho de medicina de SP publicou uma matéria de jornal interno dizendo que não aconselha. Isso não é proibição. O conselho tem todas as ferramentas legais para proibir, mas não o fez.


Mitos do Parto em Casa XI: Há grande risco de contaminação, pois não é possível esterilizar a casa.
Verdade: primeiro que o hospital não é esterilizado, pelo contrário, está cheio de bactérias resistentes. Segundo, que o parto normal não ocorre em local estéril em qualquer lugar do planeta.


Mitos do Parto em Casa XII: O bebê tem que ficar em observação depois que nasce, por isso precisa de enfermeiros no hosiptal.
Verdade: O bebê fica em observação pela equipe após o nascimento e tal qual no hospital ficará em alojamento conjunto com a mãe, recebendo as visitas diárias até a "alta".

sábado, 7 de abril de 2012

Sobre a duração da gestação...

Quantas vezes você já conversou com uma grávida que te disse que a "data limite" para o nascimento do filho era o dia X?

Muitas são informadas pelos seus obsTRETAS que a data em que se completa 40 semanas é a data "limite" para o nascimento do bebê, como se ele fosse uma bomba relógio que vai explodir se não nascer em X dias.
Quando o bebê chega no seu limite, ele NASCE.
As 40 semanas usadas nos cálculos de gestações são uma referência, uma média do período a termo de um bebê, que pode durar entre 37 e 42 semanas. Bebês não são máquinas, não se desenvolvem todos da mesma forma e no mesmo tempo e por isso, não poderiam levar o mesmo tempo para ficarem prontos. Cada organismo é um. Quando o pulmão do bebês está pronto, ele solta uma substância no líquido amniótico que desencadeira o trabalho de parto. Ou seja: se não teve trabalho de parto, o pulmão não está maduro e o bebê não está pronto.
Repare como em casos de bebês nascidos prematuramente, com 34, 35 ou 36 semanas, se não houve bolsa rota por infecção urinária ou outro tipo de infecção, e se é um trabalho de parto que começou espontaneamente, com contrações e tudo mais, dificilmente esse bebê terá desconforto respiratório, porque ele é um bebê pronto.

Quantas mulheres você conhece que fizeram cesárea porque "não entraram em trabalho de parto"? Pode apostar que a cesárea dessas mulheres aconteceu com 40 semanas ou menos, sendo que as pesquisas mostram que a maioria das mulheres primigestas (grávidas do primeiro filho) tem os seus bebês depois de 40 semanas.
A medicina baseada em evidências mostra que após 41 semanas, o risco de um bebê ter algum tipo de problema ainda no útero da mãe é três vezes maior. Ou seja, se antes de 41 semanas o risco é de 1:100, depois de 41 semanas ele passa a ser de 3:100.

A gestação passou de 40 semanas, qual a conduta agora?

A conduta é aguardar. Alguns obstetras preferem começar a obervar o bebê com mais frequência após 40 semanas. Os obstetras humanizados, que se baseiam sempre na medicina baseada em evidências, começam a observação após 41 semanas.
No meu caso, quando completamos 41 semanas, fizemos um ultrassom para verificar a vitalidade da bebê. Estava tudo ótimo com a gente.
Dois dias depois, com 41 semanas e 2 dias, fizemos um cardiotoco também para avaliar a vitalidade, e este também mostrou que a bebê estava completamente dentro da normalidade.
Com 41 semanas e 4 dias, novamente fizemos um ultrassom, que também mostrou que estava tudo certinho com a nossa pequena.

**Nota: esse ultimo ultrassom nos deu uma estimativa de peso da bebê de 3,970kg; no dia seguinte, ela nasceu com 3,575kg. A máquina do ultrassom dá uma média e o peso estimado pode variar entre 10 e 15%. Use o ultrassom para ter uma base, mas não leve ao pé da letra**

Ela nasceu no dia seguinte, MUITO bem, muito saudável, respirando super bem e super ativa. Nasceu sabendo mamar e o fez sem a menor dificuldade :-)
O nosso parto foi induzido e isso foi uma opção MINHA. Eu pedi a indução, conversei com a médica, expus os meus motivos, ela colocou os riscos e benefícios de uma indução com essa idade gestacional e eu tomei a decisão. Nunca, em momento algum, foi cogitada a hipótese de se fazer uma cesárea apenas pelo pós-datismo da gestação. A indução do parto sempre deve ser a primeira opção.

** nota mental: fazer um post sobre indução do parto - riscos, condutas e benefícios**

Como funciona o pós-datismo (gestação após 40 semanas) em outros países? (pós-data não é pós-termo hein.. pós-termo é após 42 semanas)

Nos países europeus e tb na América do Norte, a conduta é sempre induzir o parto. O tempo de indução varia de país pra país e da conduta que o obstetra escolhe adotar. A grande maioria dos países, trabalha com conduta expectante do feto (movimentos e batimentos cardíacos) e indução do parto após 41 semanas e 5 dias, ou 42 semanas.

No Brasil, a maioria esmagadora dos GOs, pelo bem de sua agenda e de seu bolso, diz para a gestante que "quer tentar normal" que 40 semanas é a data limite e que depois disso, deve ser feita uma cesárea.

Hein?
Alguma coisa errada aqui nessa terra de Meu Deus, não tem não?






sexta-feira, 6 de abril de 2012

Parto é o maior tabu feminino

Quer ler um texto muito bom sobre parto e protagonismo?

Aqui!

O cordão umbilical

O cordão umbilical é parte fundamental no processo de gestação de um bebê. Ele liga o feto à placenta e é composto por duas artérias e uma veia envolvidos por uma substância gelatinosa que mantém os canais juntos, os protege e impede que eles entrem em colapso.
É por meio dele que o bebê recebe oxigênio, através do sangue que circula na tríade mãe-cordão-bebê.
O cordão alimenta o bebê, que recebe todos os nutrientes que precisa pelo sangue, para que possa crescer forte e saudável na barriga da mamãe.
Tudo que a mãe ingere é levado ao bebê. Por isso durante a gestação é importante cuidar da alimentação. Açucar, alcool, gorduras etc tb são todas transportadas para o bebê, que geralmente, fica mais "agitadinho" na barriga quando recebe essa dose extra de energia (quem nunca ouviu dizer que é bom comer um chocolatinho antes do ultrassom para o bebê se mexer bastante e ficar mais fácil de ver o sexo?).

O cordão umbilical é protagonista de um dos maiores mitos difundidos sobre a gestação. Ora, que tamanha contradição seria se o órgão que mantém o bebê vivo e faz ele crescer, fosse também uma grande ameaça para esse pequeno ser? Seria mesmo a natureza tão imperfeita a esse ponto?

Quantas pessoas ouvimos dizer que tiveram que passar por uma cesárea pois o bebê estava com o cordão enrolado no pescoço?
Minha gente, circular de cordão NÃO MATA bebê nenhum.
Vamos aos fatos:

- O bebê fica na barriga imerso em líquido amniótico. Ou seja: ele não respira. Então, não tem o menor problema se ele estiver com o cordão enrolado no pescoço, pois não há risco de "sufocamento", já que para ser vítima de um sufocamento, você deve primeiro respirar.
- Cerca de 30% dos bebês nascem com pelo menos uma circular de cordão (a minha filha tinha 3). Se fosse assim, 30% dos bebês seriam natimortos devido a sufocamento. Estatística bizarra hein? Nem quando a cesárea não existia (pois ela é um bom recurso para salvar vidas e 15% das mulheres, em média, precisam recorrer a uma cirurgia para extrair o bebê da barriga), havia 30% de natimortos.

Depois que o bebê nasce, ele continua recebendo sangue/oxigênio pelo cordão. O cordão continua pulsando mesmo depois que o bebê está fora da barriga.
Ao nascer e entrar em contato com o oxigênio, o bebê vai ficando com a pele mais rosada e vai aprendendo a respirar aos poucos e a pulsação do cordão vai diminuindo. Quando o cordão pára de pulsar, o bebê já está respirando normalmente.
Quando a mulher passa por uma cesárea, por estar com a barriga completamente aberta e exposta, o cordão deve ser cortado imediatamente para que a barriga seja fechada e diminuir os riscos de infecção. Ao fazer esse corte imediatamente após o nascimento, o bebê perde o recebimento de oxigênio e se vê obrigado a começar a respirar rapidamente para garantir a sua sobrevivência. Esse trabalho abrupto imediato provoca dor nos pulmões do bebê que acabou de nascer, e então, ele começa ao chorar.
Na maioria das vezes, um bebê chora porque se viu obrigado a trabalhar muito rapidamente e forçando muito o pulmão, que é o último órgão a ficar pronto dentro do bebê (muitas vezes, quando a cesárea é eletiva, mesmo com mais de 39 semanas, o pulmão não está completamente maduro. Essa imaturidade do pulmão no nascimento está associada ao desenvolvimento de asma e bronquite na primeira infância).

**Além disso, quando a cesárea é eletiva, muitas vezes o bebê que está dormindo na barriga da mãe é tirado pela cabeça num único puxão, o que causa um susto tremendo e também provoca o choro do bebê.**

No parto humanizado, a fisiologia do corpo da mãe e do bebê é respeitada. Por isso, o cordão é cortado apenas após parar de pulsar completamente, garantindo um começo de vida mais tranquilo para o bebê.
Quando a Ana Luísa nasceu, ela veio imediatamente para o meu colo e não chorou. Ficou ali comigo, quietinha, com os olhões super abertos, com uma carinha muito curiosa, até que o cordão fosse cortado. Ela só chorou quando saiu do meu colo e o pediatra a pegou, e assim que voltou para o meu colo, ficou quietinha e tranquila novamente.
Eu tenho certeza que esse começo de vida tranquilo contribuiu muito para que ela fosse a criança tranquila que é.

Quer mais um motivo para esperar o cordão parar de pulsar?
Segundo dados do Ministério da Saúde, 20,9% das crianças com menos de 5 anos sofrem de anemia. Além de fraqueza muscular e batimentos cardíacos acelerados, a deficiência de ferro é uma das causas de probemas motores e deficiências cognitivas, que podem provocar danos permanentes. Mas o problema parece ter uma solução simples. Estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Neonatologia do Hospital de Halland, na Suécia, mostrou que aguardar 3 minutos para cortar o cordão umbilical pode evitar a deficiência de ferro em bebês, diminuindo a incidência de anemia neonatal.
Segundo os especialistas suecos, essa pausa é necessária para que o sangue rico em oxigênio chegue até os pulmões do recém-nascido, estabelecendo completamente a respiração e elevando os níveis de ferro no organismo.


Há casos reais de obstrução no cordão umbilical (o que é bem diferente de uma circular no cordão). Essa obstrução pode ser causada, por exemplo, por um nó muito apertado no cordão umbilical (nas lambanças do bebê na barriga quando ele ainda é pequeno, ele mesmo pode causar esse nó no crdão, que vai se apertando conforme o bebê vai cerscendo e se movimentando). Na sua consulta de pré-natal, o seu obstetra vai auscutar o coração do bebê. Batimentos cardíacos dentro da normalidade indicam que a oxigenação do bebê está ok. Em caso de desconfiança de alteração, o médico solicitará um ultrassom com doppler para analisar o fluxo sanguíneo do cordão umbilical e acompanhará o caso-durante o pré-natal. Em caso de bebê em sofrimento fetal (com bradicardia - batimentos mais lentos que o esperado - ou taquicardia - batimentos mais rápidos), o médico analisará o seu caso individualmente e indicará a conduta mais adequada.
Por isso é importante contar com um médico de sua confiança e que confie no seu corpo também.
Nota: Sofrimento fetal é o termo em português, entretanto, não indica que o bebê está sofrendo literalmente e sim que há uma instabilidade nos seus batimentos cardíacos que deve ser observada com muita cautela.


Conclusão: Circular de cordão não é, em hipótese alguma, e nem nunca vai ser, indicação de cesárea. Circulares de fazem e desfazem em questão de minutos, conforme o bebê se mexe.






quinta-feira, 5 de abril de 2012

LOUCA!

Hoje me lembrei de uma pessoa e de um fato (ou vários)...

Eu achava ótima a idéia de fazer escova no cabelo, fazer as unhas e ir lá tirar o filho da barriga com hora agendada, com tudo programadinho. Eu não tinha a menor noção do quão prejudicial isso era pro bebê (é só pegar as estatísticas e ver que o uso de UTIs neonatais não cresce proporcionalmente ao numero de nascimentos. Tem muito mais bebê sendo internado, a grande maioria deles, bebês que não estavam prontos pra nascer). Eu não tinha a menor noção do que era uma cirurgia de médio porte pra extrair um filho do útero.

Obrigada Celitcha, por ter me chamado de LOUCA muitas vezes no trabalho qdo eu falava que ia fazer cesárea eletiva. Obrigada por ter despertado a minha curiosidade.
Foi por sua causa que eu busquei o vídeo de um parto normal e de uma cesárea pra assistir. E foi por ela que eu entendi que cesárea eletiva não é parto, é cirurgia! :-)

OS DIFERENTES TIPOS DE PARTO



O PARTO NORMAL

O Parto Normal / Vaginal é aquele onde o bebê sai pela vagina (independente do método). Porém, existem diferentes tipos de parto vaginal:

Parto Normal - Tradicional

É a forma tradicional de dar a luz, nos hospitais de todo o mundo. Nesse tipo de parto a mulher passa por várias intervenções de rotina durante todo o trabalho de parto. Medidas como o enema (lavagem intestinal) e a tricotomia (raspagem dos pêlos pubianos) ainda são procedimentos de rotina em muitos hospitais. A mãe é proibida de se alimentar e de ingerir liquidos (salvo alguns raríssimos hospitais que já não estão mais fazendo restrições alimentares). A mulher é colocada no "sorinho", contendo ocitocina sintética, para aumentar o ritmo e a intensidade das contrações, o que geralmente causa uma dor muito maior do que seria a dor natural de um trabalho de parto. Também é frequentemente realizada a amniorrexe (rompimento artificial da bolsa). A analgesia já está se tornando um procedimento de rotina quando o parto acontece em hospitais privados (convênios). A episiotomia (corte cirúrgico que é feito a fim de aumentar o orifício da vulva e facilitar a expulsão do feto no momento do parto) e a manobra de kristeller (o famoso "empurra a barriga" ou "subir na barriga") também faz parte do pacote de intervenções as quais as mulheres são submetidas no parto normal tradicional. Alguns médicos usam ainda o fórceps para puxar o bebê. Enfim, esse é um método tecnocrático que não individualiza o atendimento e cria rotinas que já são comprovadamente desnecessárias e muitas vezes até prejudiciais tanto para a mãe quanto para o bebê.

Parto Normal - Natural

É o parto puramente fisiológico, como o próprio nome já diz: NATURAL. O trabalho de parto inicia espontâneamente e evolui naturalmente, sem nenhum tipo de intervenção. É possível ter um parto natural em casa, no hospital ou em casa de parto, desde que a equipe que acompanha a parturiente esteja de acordo. É muito difícil conseguir um parto natural com profissionais tradicionais, por isso as mulheres que buscam esse tipo de parto buscam as equipes conhecidas como "humanizadas".

Parto Normal - Humanizado

Nesse tipo de parto atenção é individualizada e a fisiologia do parto é respeitada, cabendo a obstetrícia acompanhar o processo e interferir somente quando for realmente necessário, ou seja, nos casos onde as intervenções são imprescindíveis para a segurança do binômio mãe/bebê. No parto humanizado a mulher tem liberdade de posição, de se alimentar, de agir como quiser. A analgesia pode ser utilizada ou não, dependendo da escolha da mulher (sendo sempre informada dos prós e contras do uso da analgesia). Em resumo, no parto humanizado o protagonismo é DA MULHER.

A CESÁREA

A cesárea (ou cesareana) é uma cirurgia utilizada para retirar o bebê de dentro do útero atráves de um corte feito no abdome da mãe, logo acima dos pelos pubianos. Existem 3 tipos de cesareana:

Cesárea Eletiva

É quando a cesárea é eleita pela paciente ou pela equipe médica como a melhor via de nascimento (independente se essa é a escolha correta ou não). Nesse caso, a decisão pela cesareana é tomada durante o pré-natal.

Cesárea Obstétrica (ou cesárea em Trabalho de Parto - TP)

A escolha inicial é pelo parto normal, porém, alguma complicação durante o trabalho de parto faz com que a equipe médica opte por intervir através de uma cesareana por acreditar que naquele momento essa é a opção mais segura. Essa decisão é tomada antes que a situação se torne uma emergência.

Cesárea de emergência/urgência

Inicialmente, a via de escolha seria o parto normal. Porém, algum evento patológico agudo torna cesárea a única opção segura. Ou seja, se a cesárea não for realizada imediatamente, há risco de morte para mãe e/ou bebê.

Por Luciana Fernandes e Braulio Zorzella

Curiosidades da Partolândia - Por Ana Cris Duarte

Curiosidade da partolândia I: não existe dilatação de "5 dedos". A dilatação se mede com 1 dedo, 2 dedos e a partir disso são centímetros, pois não dá para colocar 3 dedos, 4 dedos.. até dá, mas não é bonito. Então a dilatação vai em 1 dedo, 2 dedos, 3 cm, 4 cm... até 10 cm.

Curiosidades da Partolândia II: o que dilata é o colo do útero, aquela estrutura que fecha do útero e mantem o bebê lá dentro por 9 meses. É lá que a gente mede a dilatação. Depois disso, no canal do parto, vem só tecido elástico, que não precisa dilatar para o nascimento, mas sim "esticar".

Curiosidades da Partolândia III: quando a bolsa se rompe, o bebê continua produzindo líquido amniótico através da urina, e sua cabecinha faz uma "rolha" que veda o colo do útero provisoriamente. Assim, ele sempre terá líquido amniótico ao seu redor! Não à toa que um bebê que nasce com bolsa rompida há muito tempo, frequentemente ainda vem numa torrente de água!

Curiosidades da Partolândia IV: não existe bebê que ficou mal porque "bebeu água do parto" ou porque "engoliu mecônio". Bebês bebem água do parto durante metade da gestação, o tempo todo. E o mecônio é uma substância estéril e sem risco para o tubo digestivo. O perigo é a aspiração profunda de mecônio, porque obstrui os alvéolos. Já o líquido aspirado não chega a ser um problema importante.

Curiosidades da Partolândia V: todos os bebês nascem roxos, porque dentro do útero eles vivem o tempo todo com essa cor, sendo o útero um ambiente de baixa oxigenação. Só quando nasce e respira é que ele vai começar a ficar cor de rosa aos poucos. Portanto quando disserem "você passou da hora, tanto que nasceu roxo na cesárea", desconfie do 171 obstétrico. Bebês nascem roxos, todos!

Curiosidades da Partolândia VI: Todos os bebês têm algum nível de icterícia fisiológica, aquele amarelo na pele e olhos. Eles nascem com excesso de hemáceas, que ao serem degradadas produzem a bilirrubina, substância amarela. Aos poucos o fígado metaboliza e a cor da pele vai voltando ao normal. São raríssimos os casos de icterícia patológica que requerem banho de luz. A imensa maioria dos bebês internados nas UTIs neonatais privadas estão lá ajudando a pagar o equipamento, só isso.

Curiosidades da Partolândia VII: O cordão umbilical não precisa ser cortado em nenhum momento específico. Se a família quiser, pode esperar a hora do banho da mãe, ou da pesagem do bebê. Se o bebê nasce na rua ou em casa, é para deixar o cordão ligado. O cordão não faz mal ao bebê! Não tenha pressa!

Curiosidades da Partolândia VIII: A gravidez humana dura EM MÉDIA 38 semanas a partir da concepção ou 40 semanas a partir da última menstruação. Quando falamos que a gestante está de 28 semanas, estamos contando da menstruação. Se fôssemos falar a partir da concepção, diríamos 26 semanas. A contagem em mês é artificial e aleatória. Com 28 semanas tem gente que chama de 7 meses, tem gente que chama de 6 meses, tem gente que chama de 6,5 meses. Contagem em meses não serve para nada.

Curiosidades da Partolândia IX: Apgar é uma nota que se dá ao bebê quando ele nasce. Não precisa fazer nada, só observar o bebê. A primeira nota se dá com 1 minuto de vida e não tem significado algum. A segunda nota se dá com 5 minutos de vida e diz mais ou menos as condições do recém nascido naquele momento. Qualquer nota acima de 7 no quinto minuto já é uma nota ótima. A nota do primeiro minuto não é levada em consideração em nenhum tipo de levantamento. É só para divertir a audiência.

Curiosidades da Partolândia X: A medida do comprimento do recém nascido não serve para nada, o bebê sempre está encolhido, então não dá para medir. Só serve para a diversão da galera, e não entra em nenhum levantamento de saúde. Nem entra na DNV, declaração de nascido vivo. É que nem medir o bíceps de um menino de 8 anos para saber se ele é forte. Se 3 pessoas medirem o recém nascido, teremos 3 medidas diferentes. A única medida que tem função é o peso.

Curiosidades da Partolândia XI: o cordão umbilical é preenchido de uma geléia elástica que faz com que ele seja praticamente "incomprimível", mantendo assim os vasos sanguíneos bem protegidos. Por isso que em situações normais, circulares de cordão (seja quantas forem), não tem qualquer significado!

Curiosidades da Partolândia XII: na imensa maioria das situações, quem determina a entrada em trabalho de parto é o bebê. Quando seu pulmão (último órgão a amadurecer) fica pronto, começa a produzir surfactante, que cai no líquido amniótico e provoca uma reação em cadeia que faz a mulher entrar em trabalho de parto. Portanto quando a mulher não está em trabalho de parto significa que o bebê não está maduro, simples assim. Para entrar em trabalho de parto, não adianta escalda pé, acupuntura, comida apimentada e escrever cartas. O que adianta é pedir pro bebê produzir logo um pouco de surfactante!

Por ANA CRISTINA DUARTE.

Sobre a minha experiência de parto...

Parir um filho é uma emoção enorme. Não dá pra descrever o quanto a gente se inunda de ocitocina e o quanto isso faz bem pro nosso corpo e pra nossa alma.

Eu tive um parto que mostra quantos são os mitos difundidos pelas mulheres por meio dos médicos, que priorizam suas agendas e os seus bolsos.

A Ana Luísa nasceu de 41 semanas e 5 dias, quando há muitas mulheres por aí que querem "tentar normal" e recebem indicação de cesárea com 40 semanas pq se não o bebê vai "passar do tempo". Um bebê não passa do tempo. Quando chega a hora, ele nasce. Quarenta semanas é uma média, que pode varia entre 37 e 42 (e eu conheço casos que chegaram em 43). Não existe corpo assassino que mata um bebê na barriga. Existe médico ruim, que não sabe monitorar um bebê pós-termo.

Ela nasceu com 3 circulares de cordão. Sim, cordão no pescoço não mata bebê. Cerca de 30% dos bebês apresentam circular de cordão. É algo bem comum e nenhum bebê sufoca por conta de cordão, não haveria como, já que ele não respira na barriga. O bebê só passa a respirar depois que nasce. O correto seria esperar o cordão parar de pulsar para só então cortá-lo. Com essa atitude, o bebê passa a respirar devagar, vai reconhecendo o mundo novo e abrindo seu pulmão aos poucos. Quando um cordão é cortado imediatamente, ele é obrigado a aprender a respirar na marra, por falta de oxigênio (pois ele recebe oxigênio pelo sangue que circula no cordão) e essa primeira respiração forçada dói. É por isso que muitos bebês choram ao nascer (isso nada tem a ver com índice de apgar. Um bebê não precisa chorar quando nasce).

A Ana Luísa era considerada uma bebê grande. No último ultrassom que fizemos, recebemos uma estimativa de uma bebê de 4kg. Ainda assim, seria completamente possível ter um parto normal de uma bebê nesse peso, já que eu conheço pessoalmente bebês de mais de 4kg que nasceram de parto NATURAL e sem laceração no períneo. Dois dias depois, recebi nos braços uma bebê de 3,5kg. Sim, os ultrassons erram. Eles são máquinas acostumadas com um padrão, e nós somos pessoas. Não é porque dois bebês tem a mesma medida do femur, da barriga e da cabeça, que eles terão o mesmo peso :-)


Fica o recado: além de não ter a minha barriga cortada desnecessariamente, logo após o nascimento dela, quando o pediatra a pegou no colo, depois de ter cortado o cordão (depois que parou de pulsar), eu simplesmente LEVANTEI e SAÍ ANDANDO.
Porque é assim que a natureza diz que é pra ser. Sem cortes na barriga, sem cortes "lá embaixo" (episiotomia)... uma bebe que nasceu saudável, no tempo dela, com o pulmão completamente maduro e pronto pra respirar. E uma mãe inundada de ocitocina, muito disposta e pronta pra amamentar e segurar sua cria nos braços.

Medicalizando a vida

Desde que engravidei tenho pensado em como estamos inseridos em uma sociedade completamente medicalizada.
Para quase tudo, nunca se acha que o corpo humano dará "conta do recado". É vitamina pra isso, complexo pra tal coisa, complemento não sei do que...
Quantas e quantas mulheres recebem a prescrição médica de tomar vitaminas até o final da gestação? Será que são mesmo necessárias?
Eu acredito que uma boa alimentação dá sim conta do recado muito bem.
Eu tomei apenas o ácido fólico quando estava grávida, até as 14 semanas. Depois disso, não tomei mais nada. E durante toda a gestação me preocupei em ingerir muitas verduras, muitos legumes, proteína e pouco açúcar. Minha filha nasceu muito saudável e eu tb não tive problemas nem durante e nem depois da gestação. Essa pra mim, foi a prova de que a vitamina é desnecessária e não deve ser prescrita como padrão para todas as mulheres. Cada uma, como sempre e em todos os aspectos da gestação, deve ser analisada individualmente.
Dentro desse contexto, dá pra perceber que essa medicalização e essa falta de confiança no corpo permeia muitos aspectos da nossa vida.
É a mulher que não pode sentir dor de cabeça, é a mulher que não pode sentir cansaço pois faz jornada tripla e toma uma dose extra de energia em cápsulas, é a mulher que dá todos os complexos vitamínicos para os seus filhos sem acreditar na força do seu leite...
Qual seria o papel dos médicos nisso tudo?
Qual é a força da indústria farmacêutica dentro dos consultórios médicos?
Tudo entra em um mesmo pacotão: vitaminas prescritas por rotina durante o pré-natal, vitaminas prescritas por rotina para os bebês, a idéia de que ficar doente é crime, vacina para tudo quanto é tipo de doença e que as mães são incentivadas a darem sem ao menos conhecerem a doença e suas formas de contágio, a mãe que acha que seu corpo é assassino e vai matar o bebê bomba-relógio exatamente 1 hora após completar 40 semanas, médicos que medicalizam os partos fazendo 15mil intervenções, mães achando que parto é um evento perigoso (já que os médicos "tem" que fazer tanta coisa pra ficar tudo bem), médicos tornando os partos mais perigosos por suas intervenções de aceleração que depois resultam em uma cesárea salvadora...

Onde vamos parar?

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Uma rede para se apoiar

Laura Gutman, em seu livro "A Maternidade e o Encontro com a Própria Sombra" defende a importância de uma rede de apoio para a mulher/mãe.

Eu diria que na minha experiência, ter essa rede de apoio foi fundamental.
Antigamente, as mulheres conviviam em tribos, dividiam tarefas, criavam os filhos juntas. Hoje, com a "modernidade", tudo passa a ser mais individualizado. Muitas vezes não sabemos nem o nome do nosso vizinho de porta. Entretanto, o instinto da tribo permanece dentro de nós. Muitas vezes, ele é oprimido e a mulher não deixa essa necessidade vir a tona. Infelizmente, crescemos com um discurso de que temos que ser independentes e auto-suficientes. Muitas querem ser praticamente a "super mulher" e querem dar conta de tudo sozinha. Mas o nosso instinto animal/mamífero não é assim.

Quando chegou a gestação eu me senti em um grande mergulho pra dentro de mim mesma. Incrível como fiquei mais infantilizada, como lembrava de acontecimentos e pessoas que passaram pela minha vida que eu nem acreditava que era capaz de lembrar. Por um lado, foi bom. Ao lembrar desses acontecimentos, hoje, mais "madura", fui capaz de analisar melhor e de fazer ligações desses fatos com a pessoa que eu sou hoje. O que me ajudou também a trilhar o tipo de mãe que eu quero ser e as mensagens que eu quero que minha filha receba de mim.

Depois, chegou a Ana Luísa. E quando ela chegou, passei uns dias inundada de ocitocina, em extase, sem acreditar em tudo que estava acontecendo. Depois que o efeito passou, eu entendi o que Laura Gutman queria dizer.
Ter um filho nos faz olhar cada vez mais pra dentro. Ter um filho é se entregar. É passar horas e horas com um bebê pendurado no peito. É atender cada choro. Se der tempo, a gente toma banho. Se der tempo, a gente dorme um pouquinho, se der tempo... É buscar as soluções para alguém que não sabe fazer nada além de chorar para expressar o que sente. E devido ao tempo de gestação, mãe e bebê passam um bom tempo em sinergia, ligados, ainda que estando em corpos separados. Se a mãe está aflita ou insegura, é fato que irá encontrar um bebê mais chorão dentro de sua casa.
E a rede de apoio nos traz segurança. Nos mostra que não estamos sozinhas. Outras mulheres contam que passaram por tudo que estamos passando e nos dão esperança para acreditarmos que estamos indo bem.
No meu caso, a rede que encontrei foi virtual mesmo. Listas de discussão cheias de gente do bem, de gente que sabe muito, de gente muito estudiosa, de gente muito acolhedora e principalmente, quase todas mães que já sentiram o que eu sinto.
Infelizmente, no meu círculo de amigos da vida real, poucas pessoas tem filhos. As que tem, estão distantes. E também pensam de uma forma um pouco diferente da minha. Eu tinha medo de dizer que estava com uma bebê há 2 horas mamando e ter que ouvir como resposta "dá uma mamadeira pra ela, assim ela dorme". Eu tinha medo de dizer que a minha filha só dormia sendo embalada no colinho e ter que ouvir: "deixe ela chorando no berço, em 3 dias resolve".
Acho que não era exatamente medo de ouvir essas coisas, mas eu sabia que a ajuda que elas tinham pra me dar não era a ajuda que eu queria receber.
E é nessas listas que eu busco ajuda. Porque quando minha filha está há 8 dias sem fazer cocô, eu não quero que alguém me diga que tenho que dar chá de ameixa pra ela. Quero entender como solucionar uma possível volta ao trabalho e mantê-la no aleitamento exclusivo. Eu quero conversar com mulheres que entendam a minha angústia e a minha escolha por não dar nada além do meu leite até os 6 meses de idade, como recomenda a OMS.
As minhas amigas são ótimas amigas, excelentes companhias. Mas quando se trata de criar filhos, geralmente, o pensamento é bem diferente (até porque muitas delas ainda nem tem os seus próprios filhos tb) e é legal a gente encontrar um grupo pra se apoiar, um grupo que pense como a gente e que nos ajude a refletir seguindo a linha de raciocínio que escolhemos adotar.

Por isso, a minha dica para você que está grávida, que pensa em ter filhos ou já os tem, é: busque a sua rede. Encontre onde estão as pessoas que vão poder te dar apoio, principalmente emocional, durante o puerpério. É um período que exige muito de nós, em que a gente tem que se entregar para uma pessoinha tão pequena, e essa entrega fica MUITO mais fácil quando temos apoio e quando sabemos o que está acontecendo, e principalmente, quando encontramos pessoas que entoem com a gente o mantra: "vai passar".



terça-feira, 3 de abril de 2012

Passou...

Ok... passou o momento revolta.

Porque é incrível. Quando alguém vem contar da cesárea eletiva linda e calma, nós temos que aceitar "a escolha" da outra, temos que achar que foi lindo... Mas quando falamos das nossas experiências, por serem diferentes, as pessoas veem como uma afronta, como uma "não aceitação" da atitude delas. Só porque eu digo que eu amei ter um parto normal e que eu não me imagino tendo uma cesárea, se a pessoa estava certa e convicta das suas escolhas, não deveria se sentir tão afetada assim né? Cada um decide com a sua consciência, com a sua certeza. E quando estamos certos do que estamos fazendo, comentários desse tipo não nos abalam.

E a crítica nesse blog sempre vai ser à cesárea (e tudo de ruim que ela pode trazer) e não a quem passa por ela. Porque muitas não tem escolha, muitas passam pelas mãos de lobos cesaristas que roubam seus partos e algumas não tem acesso a informação de qualidade. Ficam  só se baseando na cesárea "dazamiga".
Mas depois de alguns meses ou anos, quando o filho dessa amiga desenvolver pneumonia, asma, bronquite, bronquiolite etc, a "amiga" sempre vai colocar a culpa no tempo, nas outras crianças, na escolinha... mas nunca vai lembrar daquela estatística que ela leu um dia na gravidez, que crianças nascidas de cesárea eletiva, sem ter o pulmão completamente maduro, são mais frágeis e correm mais risco de apresentar esses quadros.

Daqui pra frente, é sobre mim, sobre as experiências que vivi.
O próximo post vem pra falar da importância de ter uma rede de apoio durante a gestação!


Beijo!

Sobre a falta de informação...

Vendo facebooks alheios por aí e durante outras conversas durante a minha gestação (e depois tb), muitas mulheres diziam ter escolhido a cesárea e que depois de se informarem, chegaram à conclusão que a cesárea era a melhor opção para ela e para o bebê.
Eu gostaria de saber por que uma mãe acha que a cesárea eletiva é uma melhor opção, se:

- Ela sabe que corre o risco de ter um bebê nascido com desconforto respiratório e que vai precisar de oxigênio e incubadora por alguns dias
- Ela sabe que qualquer cirurgia envolve riscos maiores do que deixar o corpo agir
- Deve ser traumático para o bebê estar dormindo na barriga e de repente, ser arrancado pela cabeça por um desconhecido.
- Que o bebê que nasce de cesárea vai ter seu cordão cortado imediatamente, vai sofrer um "sufocamento" e vai ser obrigado a aprender a respirar em segundos (o que normalmente levaria minutos). E que essa força que ele vai fazer com o pulmão, dói.
- Ela sabe que a passagem do bebê pelo canal de parto vai comprimir suas vias aéreas, eliminando o líquido amniótico, eliminando assim a necessidade de aspiração das viás do bebê com sondas passadas violentamente por dentro dele
- Ela fez a lição de casa direitinho e viu que as histórias de partos normais traumáticos que ela ouviu são todas resultados de intervenções desnecessárias e mal feitas, feitas por "profissionais" da saúde que seguem uma série de protocolos no corpo da mulher sem nem se perguntar e sem nem saber porque estão fazendo tudo aquilo

Alguém aí, que optou "consciente" pela cesárea eletiva, pode me dizer qual é o principal motivo da sua escolha? Não estou recriminando, apenas quero entender outros modos de pensar...

http://www.youtube.com/watch?v=rVZCLh-h8uI

E aqui, deixo o link para um post muito bom, que fala sobre o processo de "descoberta do parto" de algumas mulheres: http://www.viciadosemcolo.blogspot.com.br/2012/03/partos-mais-do-mesmo.html

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Sobreviver...

Eu já tinha noção de parto normal era o melhor pra mãe e pro bebê.
Mas eu ainda era ingênua, achava que realmente todas as cesáreas aconteciam porque realmente precisavam acontecer. E tb eu nem achava que era uma situação tão grave assim, porque eu cresci aprendendo que quando o bebê tem que nascer, o médico faz um corte na barriga da mãe e tira o bebê. Achava que parto normal era o mais saudável mas que não tinha problema nascer de cesárea, afinal, eu tinha nascido de cesárea e sobrevivi.
E com o tempo e com as muitas leituras que fiz, eu entendi. Os obstetras brasileiros, em sua grande maioria, prezam mais pela sua conveniência do que pelo bem-estar do bebê.
Eles tem um papo "fofo", de que respeitam as escolhas da mulher, de que o parto quem vai decidir é a mulher. Mas nas entrelinhas, durante o pré-natal, começa o terrorismo... bebê grande, bebê pequeno, muito líquido, pouco líquido, a mulher "moderna" que não merece sentir dor, vagina larga, bacia baixa... Argumentos que nunca justificariam uma cesárea viram pontos principais na tomada de uma decisão.
O médico fofo, que manda a gestante se preocupar com o quartinho do bebê, porque do parto ele cuida, pra mim, é um grande de um vigarista.
Um médico que sugere que uma cesárea eletiva até 3 semanas antes do que o bebê poderia nascer, é um grande de um palhaço, que rouba o parto da mulher e ainda depois da cirurgia solta um comentário qualquer pra que a cesárea vire salvadora. "Ainda bem que fizemos a cesárea, pois estava com o cordão enrolado no pescoço". Quantas e quantas vezes não ouvimos isso da boca da pobre mãe depois, acreditando que o médico realmente tinha salvado a vida do seu filho? Quando na verdade, o que ele fez, foi salvar o final de semana dele... ou a madrugada de sono ao lado da esposa do conchego do lar...
Sim...
as pessoas sobrevivem a cirurgias de extração de bebê para o nascimento. Mas será mesmo que sobreviver é o suficiente? Por que não viver? Por que não curtir a experiência com todas as suas dores e delícias? Por que deixar que um médico tome uma decisão de interromper um processo fisiológico do seu corpo?

Se você for a um médico e pedir para ele tirar o seu apêndice porque vc tem medo dele inflamar e você é muito moderna pra sentir dor, você acha mesmo que é viável fazer esse tipo de cirurgia? E por que então tirar o seu filho do casulo antes do tempo, antes de ele ter os pulmões maduros, só porque você estã ansiosa e não quer sentir dor?

E você acha mesmo que todas as cesáreas que acontecem no Brasil são necessárias? Na Holanda temos 14% de cirurgias de extração de bebê. No Brasil, são 52%... 90% no setor privado. Será que o DNA da mulher brasileira tem algum defeito? Será que o calor não deixa o colo do útero dilatar?

Foi fazendo esse tipo de análise que eu comecei a entender que o sistema de atendimento obstétrico no Brasil é temeroso, é lamentável, é desonesto...
Esse foi um dos primeiros vídeos que vi sobre o assunto e que mexeu muito comigo:

http://www.youtube.com/watch?v=mLa55FVO6Mw